Amazônia Legal: Chuvas das Terras Indígenas Garantem Riqueza e Sustentabilidade
- Rodrigo Xavier
- 4 de dez. de 2024
- 2 min de leitura
Instituto Serrapilheira destaca impacto econômico de R$ 338 bilhões e a importância da conservação das TIs para a agricultura

Um estudo divulgado pelo Instituto Serrapilheira nesta terça-feira (3) revelou que as terras indígenas da Amazônia desempenham um papel crucial nas chuvas que abastecem 80% das áreas de atividades agropecuárias no Brasil. Em 2021, essa dinâmica gerou uma renda econômica de R$ 338 bilhões para o setor agrícola, representando 57% do total nacional.
“A conclusão é que o impacto da preservação das TIs [terras indígenas] vai além do meio ambiente, destacando-se como peça-chave para a segurança hídrica, alimentar e econômica do Brasil”, ressaltou o Instituto Serrapilheira. O estudo também revelou que 18 estados e o Distrito Federal estão parcial ou totalmente dentro da área de influência dessas terras.
Estados como Acre, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paraná dependem significativamente da reciclagem de água das florestas indígenas, que pode representar até um terço da chuva anual dessas regiões. Cerca de 30% da chuva que cai sobre as terras agropecuárias do país está diretamente ligada a essa reciclagem eficiente, demonstrando a importância da manutenção dessas áreas.
Apesar dos benefícios, Rondônia e Mato Grosso, dois dos estados mais influenciados pelas chuvas das terras indígenas, também estão entre os maiores desmatadores de florestas desde 1985. Isso evidencia um conflito entre conservação e desenvolvimento que precisa ser cuidadosamente gerido para proteger esses ecossistemas vitais.
Além da água, as chuvas provenientes das terras indígenas são essenciais para a segurança alimentar do Brasil. A agricultura familiar, que contribui com mais de 50% do valor da produção total em vários estados, depende dessas chuvas. “Na prática, a Amazônia ‘irriga’ grande parte do país por meio dos chamados ‘rios voadores’”, destacou o estudo, referindo-se ao transporte atmosférico de umidade que se transforma em chuva em outras regiões.
As terras indígenas, que ocupam cerca de 23% da Amazônia Legal e abrigam mais de 450 territórios e 403,6 mil pessoas, atuam como barreiras naturais ao desmatamento. Apenas 3% dos 4,4 milhões de hectares desmatados na Amazônia entre 2019 e 2023 ocorreram dentro dessas áreas, devido ao manejo sustentável praticado pelos povos indígenas.
O estudo conclui que existe uma relação intrínseca entre a proteção territorial de povos indígenas e a conservação dos ecossistemas. Para manter esse equilíbrio, é crucial apoiar e fortalecer as práticas de manejo sustentável nessas comunidades, garantindo assim a continuidade dos benefícios ambientais e econômicos proporcionados pelas terras indígenas da Amazônia.
Texto: Rodrigo Xavier
Fonte: Agência Brasil
Foto: Divulgação
Comments