Acompanhe esta jornada pela Amazônia Azul (Paranaguá a Manaus)
- Reylloc
- 14 de fev.
- 2 min de leitura

Memórias de um Mercante. Wilson Collyer, Oficial de Náutica da Marinha Mercante. Viagem número n/199X. Embarcado em um navio petroleiro, transportando produtos claros (gasolina, diesel, querosene para aviação – QAV, álcool anidro ou hidratado) que variavam, dependendo do propósito da viagem – esses combustíveis são essenciais para o regular funcionamento de muitas das inúmeras atividades de estados ou cidades. A embarcação era da Frota Nacional de Petroleiros - Fronape (atualmente Transpetro) - transportava vinte e uma mil toneladas, calado máximo de nove metros.
Saímos de Paranaguá. Ficou para trás a festa da Nossa Senhora do Rocio. Tinham muitas barraquinhas e um parquinho, barraquinha de tiro ao alvo, para ganhar ursinho. Paranaguá, até breve.
O mar me chama. Todos a bordo, cujo destino será Manaus. Onze dias de viagem pela proa. Segue o navio e de largo vão ficando as cidades: Santos, Rio de Janeiro, Vitória, Salvador, Maceió, Natal, Fortaleza, enfim, a viagem segue. O navio não para. É dia e noite, cruzando ondas. Full speed.
Entrando na Barra Norte, vemos que a coloração da água já mudou. Estamos na foz do Rio Amazonas. Como é sabido, devemos seguir por entre as balizas de sinalização, com seus lampejos encarnados (vermelhos) e verdes. Chegamos na Fazendinha, em Macapá. Embarcaram os práticos. São oitenta e duas horas até Manaus. Passaremos por algumas cidades ribeirinhas, como Óbidos, Santarém e Parintins. No trajeto algo me chamou a atenção: crianças e adolescentes, em suas canoas, que remavam na direção do navio. Isto, sem medo algum. Navio a oito nós, na subida do Rio Amazonas. Emparelhavam suas canoas para que os tripulantes jogassem algo para eles.
Como é surpreendente a imensidão da floresta. Magnífica e exuberante. Já chegando, vemos o encontro das águas. Manaus, enfim chegamos, após onze dias. Cidade quente e úmida. Um povo acolhedor e simpático. Mercado central com muitas frutas típicas e uma variedade de peixes, incrível. Boa recordação foi da sorveteria Glacial. Quando podia baixar terra, ia direto para lá. No mínimo um quilo de sorvete para satisfazer a gula. Nomes de frutas exóticas. Entre elas estão: tucumã, sapoti, açaí, taperebá, bacaba, cupuaçu e graviola, e outras. Quando me dei conta, estava na voadeira (pequeno barco motorizado), indo direto para a praia de Cacau Pirera. Cachoeirinha, Bola da Suframa e bairro Japiim. Até breve que o navio vai zarpar.
*Paranaguá – cidade do litoral do Estado do Paraná – a mais antiga - onde se situa um dos mais importantes portos do Brasil.
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