Coari

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O nome "Coari" tem suas raízes profundamente ligadas às tradições indígenas, carregando dois possíveis significados: "rio do ouro", derivado de "Coaya Cory", ou "rio dos deuses", de "Huary-yu". A denominação foi adotada por conta do lago Coari, que banha a região e serviu de referência para o assentamento. Mais tarde, com o crescimento do povoado, o nome foi estendido ao município, consolidando-se na história da Amazônia.

Muito antes da chegada dos europeus, a área era habitada por diversos povos indígenas, como os Jurimauas, Catauixis, Jumas, entre outros. Essas populações viviam em sintonia com a floresta, praticando a pesca, a caça e o cultivo agrícola de maneira sustentável. Seu modo de vida, profundamente conectado com a natureza, moldou a identidade da região e ainda hoje influencia aspectos da cultura local.

A colonização da região teve início no século XVII, quando missionários europeus começaram a estabelecer aldeamentos com o objetivo de catequizar os indígenas. O padre jesuíta Samuel Fritz, de origem espanhola, foi um dos primeiros a se fixar na área. Entretanto, com a disputa entre Portugal e Espanha pelo controle da Amazônia, a influência espanhola foi suprimida, e a administração portuguesa se consolidou na região.

A partir de 1703, a presença portuguesa foi reforçada com a criação de missões carmelitas ao longo do rio Solimões. Entre elas, a Missão de Santana de Coary, que daria origem à atual cidade de Coari. Essas missões desempenharam um papel central na ocupação e organização da região, promovendo a migração de populações indígenas para novos assentamentos.

O reconhecimento oficial de Coari como um centro administrativo veio em 1759, quando foi elevada à Freguesia de Alvelos. Contudo, o povoado desapareceu por um tempo, sendo refundado em 1854, na foz do lago Coari. Em 1874, alcançou o status de vila e, no mesmo ano, foi oficialmente instalada como município. Esse momento marcou o início de uma nova fase para a localidade, que passou a se desenvolver com mais estrutura administrativa.

No final do século XIX e início do século XX, Coari experimentou uma fase de prosperidade com o ciclo da borracha. A exploração do látex trouxe riqueza e acelerou o crescimento da cidade, tornando-a um ponto estratégico na economia da Amazônia. No entanto, com a decadência do ciclo da borracha, a economia da região sofreu um declínio significativo, exigindo novas alternativas de desenvolvimento.

A grande virada econômica de Coari ocorreu nos anos 1980, com a descoberta da Província Petrolífera de Urucu. A exploração de petróleo e gás natural trouxe investimentos e infraestrutura para o município, tornando-o um dos principais polos de energia do Brasil. Esse avanço modernizou a cidade e impulsionou a geração de empregos, atraindo novos moradores e transformando a realidade local.

Hoje, Coari se destaca como um município de importância econômica e histórica na Amazônia. Seu percurso, desde as antigas aldeias indígenas até se tornar um centro de produção de energia, reflete a resiliência e a capacidade de adaptação da cidade. Com um olhar voltado para o futuro, Coari continua a crescer, mantendo vivas as tradições e a identidade cultural de seu povo.