Defesa de Bolsonaro questiona acusações e delação premiada em sustentação oral no STF
- Rodrigo Xavier
- 25 de mar.
- 2 min de leitura
Atualizado: 27 de mar.

Na manhã desta terça-feira, 25, o advogado Celso Sanches Vilardi, defensor do ex-presidente Jair Bolsonaro, realizou sustentação oral no Supremo Tribunal Federal (STF) em Brasília, contestando as acusações da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre a participação de Bolsonaro em tentativas de golpe de Estado.
Vilardi iniciou sua defesa argumentando que Bolsonaro foi o presidente mais investigado da história do país, citando diversas apurações que, segundo ele, não resultaram em evidências incriminatórias. "O presidente Jair Bolsonaro foi o presidente mais investigado da história do país. Uma investigação que perdurou, que começa com o objetivo de investigar uma live de 4 de agosto de 2021, em que se autoriza a quebra da nuvem do seu ajudante de ordens, Coronel Cid, que perdurou por meses. Essa investigação, da quebra, com vários objetos diferentes. No primeiro momento, verificava-se a live, numa investigação determinada pelo TSE; no segundo momento, investigava-se o cartão corporativo, os gastos do presidente e da então primeira-dama; depois, investigou-se até uma questão de metas para se chegar numa questão de vacinas. Portanto, não havia um objeto específico", declarou o advogado.
O defensor questionou a competência do STF para julgar o caso, alegando que, por se tratar de fatos ocorridos durante o mandato de Bolsonaro, a competência seria do plenário da Corte, e não da Primeira Turma. Além disso, Vilardi criticou a delação premiada do ex-ajudante de ordens Mauro Cid, afirmando que houve quebra do acordo de colaboração e que as declarações de Cid foram contraditórias e baseadas em "indícios trazidos pelo Estado", e não em provas corroboradas. "A minha maior crítica à questão da delação é porque o Supremo Tribunal Federal, num voto, diz que o delator conta uma história, as autoridades buscam as provas de colaboração, e só assim ela poderá ser utilizada. O que aconteceu nesse caso? Ele falou, segundo a Polícia Federal, ele mentiu, se contradisse. E então há uma audiência para que ele tivesse oportunidade de se corrigir. Mas aí, com todo o respeito, há uma inversão, porque na verdade não é o Estado que foi buscar as palavras de corroboração dele; o Estado busca as provas de corroboração do que ele disse. É o contrário: o Estado trouxe registros e ele se adéqua aos indícios trazidos pelo Estado. É completamente o inverso", argumentou Vilardi.
O advogado também negou a participação de Bolsonaro nos eventos de 8 de janeiro, afirmando que não há "nenhum elemento de relação" do ex-presidente com os atos. "Eu entendo a gravidade de tudo o que aconteceu no 8/1, mas não é possível que se queira imputar responsabilidade ao presidente da República, ou colocá-lo como líder de uma organização criminosa, quando ele não participou dessa questão do 8 de janeiro. Pelo contrário, ele repudiou", declarou.
A defesa de Bolsonaro busca a rejeição da denúncia, alegando falta de provas e inconsistências nas acusações. A decisão do STF sobre o recebimento da denúncia terá impacto significativo no andamento do caso.
Foto: O Globo Texto: Rodrigo Xavier
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