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Bons tempos no Ministério da Educação, uma entrevista com Maria das Graças Lopes Mesquita

Atualizado: 4 de jan.

Bons tempos no Ministério da Educação,  uma entrevista com Maria das Graças Lopes Mesquita
Maria das Graças Lopes Mesquita no Ceará. Foto: Álbum da família Mesquita.

Esta entrevista aconteceu em setembro de 2024, em Manaus – cidade onde se passou a atividade profissional de Maria das Graças. A entrevistada trata-se de uma senhora idosa, aposentada como funcionária pública federal. Mãe de família atenciosa, deixou um legado profissional de dedicação exclusiva à área fundamental da educação.  

 

Primeira pergunta: Por favor, diga seu nome completo, data e local de nascimento, e idade?

Resposta: Meu nome: Maria das Graças Lopes Mesquita. Nasci na cidade de Manaus no ano de 1936. Agora estou com 88 anos de idade.  

 

Segunda pergunta: Qual o nome e origem de seus pais? Quais suas atividades?

Resposta: Meus pais são falecidos: João Lopes Filho e Ana Pereira Lopes. Ele era militar e ela era doméstica, dona-de-casa. A minha mãe nasceu em Coari e o meu pai nasceu no Careiro da Várzea.

 

Terceira pergunta: Sabe-se que sua mãe foi uma pessoa longeva. Até qual idade ela viveu? A que atribui esta vitalidade?

Resposta: Minha mãe viveu até os 87 anos de idade. Ela dizia que quando criança comia muitos ovos de tracajá, de tartaruga e peixe, e a isso atribuía sua vitalidade.

 

Quarta pergunta: Em que colégio e com qual professora realizou seus primeiros estudos?

Resposta: Fiz o curso primário na Escola Progresso, da Professora Julita (1). Gostava muito da Dona Terezinha, que foi minha professora.

 

Quinta pergunta: Dos colegas dessa época inicial de estudos, cabe fazer algum destaque?

Resposta: Foram meus contemporâneos, na Escola Progresso, o Amazonino Mendes (2), vindo de Eirunepé, que ficou bastante tempo como aluno internado em tempo integral; e a Vera Lucia Câmara (3), que chegou a ser Desembargadora.

 

Sexta pergunta: O que gostaria de salientar sobre a maneira de proceder, o caráter, desses colegas?

Resposta: Eles eram pessoas idôneas, maravilhosas, corretas e solidárias.

 

Sétima pergunta: Onde e que tipo de formação teve até completar o ensino médio?

Resposta: Eu me formei Técnica em Contabilidade, no Colégio Brasileiro, do Professor Pedro Silvestre (4).

 

Oitava pergunta: Como se inseriu no mercado de trabalho e acabou se tornando uma funcionária pública?

Resposta: Participei de uma entrevista na Inspetoria Seccional do Ministério da Educação e Cultura e fui admitida. Depois me submeti a concurso interno. Trabalhei durante toda minha vida profissional nessa repartição, a representação do Ministério da Educação.

 

Nona pergunta: Por quantos anos esteve no serviço público?

Resposta: Aposentei como funcionária pública federal após trabalhar por 35 anos e seis meses.  

 

Décima pergunta: Quais as grandes contribuições que a Inspetoria Seccional do MEC deixou por sua atuação nesse período?

Resposta: Não havia professores formados, nem Faculdades que os formassem. Esse foi o trabalho que a representação do MEC desenvolveu: formar professores até que fosse criada a Faculdade de Filosofia, Ciência e Letras, que iria formá-los. A representação federal exercia uma atividade importante com a concessão das bolsas de estudos a alunos carentes e a gerência do Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação (FNDE), que subsidiava salários de professores. Também controlava o ensino no ginásio e científico/clássico (equivalentes ao 1º. e 2º. Grau, ou ensino básico e médio), inspecionando-o. Mais tarde criou-se a Faculdade e a responsabilidade do ensino foi transferida para o Governo do Estado, que priorizou a quantidade em detrimento da qualidade da formação. Hoje, com tantas Faculdades e professores formados, ninguém lembra que isso aconteceu.

 

Décima primeira pergunta: Quantas filhas, netos e bisnetos possui?

Resposta: Tenho duas filhas, cinco netos e oito bisnetos. Família numerosa.

 

Décima segunda pergunta: Como avalia sua vida? Vale a pena viver? Que mensagem deixa para as pessoas jovens?

Resposta: Sim, desde que a pessoa seja honesta, vale a pena viver sim.

 

1 Refere-se à Professora Julia Barjona Labre, descendente de franceses e portugueses, nascida em São Paulo, fez seus primeiros estudos no Liceu Nacional de Lisboa. O avô fundou Lábrea, a mãe e a avó eram donas da Escola Progresso, em Belém. Juntamente com a família, transferiu-se para Manaus e se tornou mestra de muitos alunos ilustres, como o Vice-Governador Rui Araújo, Phelippe Daou e Milton Cordeiro, e amiga de personalidades da família real brasileira.

 

2 Amazonino Armando Mendes formou-se advogado e depois político, ocupando os cargos de Governador, Prefeito e Senador no Estado do Amazonas.

 

3 A Dra. Vera Lucia Câmara Sá Peixoto foi a primeira magistrada nomeada para a Justiça do Trabalho, tornou-se Desembargadora e Presidente da 11ª. Região do Tribunal Regional do Trabalho.

 

4 O Professor Pedro Silvestre da Silva, um dos grandes mestres no Amazonas, lecionava Desenho em várias escolas de Manaus e fundou o Colégio Brasileiro, cujo último e definitivo endereço foi na rua 10 de julho, onde se situa, incorporado à rede estadual.  




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