Caminhante
- Reylloc
- 2 de abr.
- 1 min de leitura

Caboco caminhante. Foto: gerada por AI, 02/04/2025.
Descobri que da tua história,
quase inexplicavelmente,
só restaram lendas,
num linguajar estranho
que embarga o verso.
Quem és tu, CABOCO?
Abdicaste de teus costumes,
de tuas crenças,
de tuas festas.
Por onde anda tua alegria?
Por onde anda teu triunfar?
Ouviu-se de ti
que não és Índio,
que não és branco,
que és pardo...
Que és pardo?!...
Quem és tu, CABOCO?
Dizem que não trabalhas mais para viver,
vives para trabalhar?...
Ouve, Índio!
Ouve, Caraíba!
Ouve, CABOCO!
O som da raça triste
comove a poeira do tempo,
ignora distâncias,
mora dentro de ti,
não há como negar.
Dentro de ti
os tambores da marcha europeia
ressoam despertando lembranças
de uma terra distante,
saudades...
CABOCO,
olha no espelho das águas,
enfrenta teus olhos rasgados,
teu corpo moreno.
teus cabelos tão lisos...
Tuas feições, vê !?...
Não há como negar as raças dentro de ti.
Se alguém,
por qualquer motivo,
mofa ou sordidez,
menosprezar-te o nome,
Mano Velho, não se renegue,
Não esconda seu orgulho.
Esse nome, CABOCO,
está escrito sob o humus da floresta,
no leito de cada lago,
rio,
igarapé,
igapó...
Mais que isso,
foi gerado na esperança
de cada guerreiro tombado,
no sonho,
de cada índio escravizado,
na luta diária
de cada CABOCO assalariado.
Chamam-te CABOCO,
mordendo o asco nos lábios.
Alguns com desdém: CABOCLO,
TAPUIO se quiseres,
não importa,
CURIBOCA CABURÉ CANHAMBOLA,
tempestuoso anseio de vida,
uma expressão não muda
tua condição de CAMINHANTE
no exercício da liberdade.
Muito especial, necessitamos manter tradições as o mesmo tempo que evoluímos. O passado nos ajuda a criar o futuro. Sem ideologias